domingo, 24 de julho de 2011
Ice*
Gelo cortante que asfixia sentimentos e palavras doces…
Esse gelo que esfria os momentos e desencoraja vontades…de dimensões absurdamente exorbitantes e tamanho imperceptível à vista.
Gelo, o ódio e a raiva em estado puro,
A alma armazenada abaixo de -100C.
Gelo, que um dia foi lava ardente e fogo comovente.
Gelo que invadiu os olhares ternos e os gestos sinceros.
Gelo que canta nas noites de verão em frente à brisa do mar…
Gelo de laminas afiadas que corta e desmembra esperanças.
Gelo que desembarca no tempo e trás na bagagem as memórias de uma vida.
Esse gelo de textura cativante e toque suave, que se apodera de purezas e corações quentes, ele que não esconde mentiras nem confirma verdades, mas fala certeiramente com sinceridade brutal.
E brutal é a espessura dos perigos em amar o gelo…
Gelo de 1001 cores e 1001 pensamentos gelados, cansados, infundados.
Gelo que arrasta frases incalculáveis e coragens maravilhosas. Essas maravilhas que reflectem na paisagem gelada de um corpo gelado por baixo de estrelas quentes.
Gelo de ternuras desconhecidas e lágrimas entorpecidas.
Gelo de conceitos bizarros e significados distintos, perde-se na imensidão de uma única definição…
A equação entre o amor e ódio…
A minha Alma!
quinta-feira, 21 de julho de 2011
O que eles dizem sobre ti mãe
Entre frases e conversas corridas ouço frequentemente “és o retrato dela”, “pareces ela a falar”, “o teu sorriso lembra-me dela”…discordo, por vezes até discuto!
Não encontro nada em ti que nos iguale…nem física nem psicologicamente. Mas aos olhos dos outros existem tantos traços idênticos. Digo que não quero ser a tua copia…mas falam como se não tivesse escolha!
Dizem-me que as minhas mãos têm a forma delicada das tuas…
Dizem-me que os olhos vivaços e os sorrisos espontâneos te trazem de volta ao mundo…como pode ser se eu só me lembro dos teus olhos vazios e do silencio dos sorrisos?!
Dizem-me que o andar de borboleta voadora sem voar se parece com o teu…Mas que borboleta foste tu sem liberdade?!
Dizem-me que a forma como seduzo e encanto é uma herança tua…mas eu seduzo?! Sim, tu sempre foste aquela mulher sedutora sem nada fazeres! Tudo tão natural, tão teu…
Dizem-me que a força e a rebeldia que me faz lutar contra tudo e todos, que me fez lutar contra ideais e preconceitos, estavam entranhadas em tua pele… Mas como pode ser se tu mesma casaste com o preconceito e me impuseste ideais loucos?!
Ás vezes, depois de tudo o que me dizem, paro e penso…e percebo que talvez contrarie o que eles falam, porque tenho tanto medo de ser igual a ti! Porque eu não quero, eu nunca quis…eu sempre lutei para não ser a tua cópia.
E talvez, encontre semelhanças naquilo que eles me escondem…
Porque eu só me lembro de uma imagem frágil e destruída de ti … os destroços de uma guerra entre vontades, sonhos e amor. Onde o amor levou a melhor e te roubou sonhos e vontades. E essa imagem frágil e destruída assemelha-se a fragilidade que eu tento esconder todos os segundos.
Esses teus olhos tristes e vazios que se parecem com a cor que os erros deram aos meus.
A tendência auto-destrutiva que nos corre no sangue…que nos fez destruirmo-nos mutuamente e a nós mesmas…
A tua maldita doença que me assombra sempre que olho ao espelho e vejo-me destorcida…
Que semelhanças e até onde elas me levarão?
Perder sonhos e largar o coração ao som do vento?!
Viver por fachadas e etiquetas?!
Odiar-me pelo que vejo desfocado?!
Desejar morrer?
Morrer como tu morreste?
É nisto que me assemelho a ti?
Como se nunca tivesse tido a chance para ser diferente…
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Devaneios II
É tarde mãe…é tarde para criar um filme diferente, uma comédia hilariante ou até uma aventura feliz…
Sim, é demasiado tarde para fingir ser uma estrela do céu ou uma borboleta de asas brancas…minhas asas sempre serão pretas como a cor nos teus olhos.
É tão tarde para repor emoções e secar lágrimas antigas…
É definitivamente tarde para nascer de novo…
Mas não é tarde para escrever um novo capítulo com alguém diferente ou até mesmo sozinha.
Não é tarde para pegar nos meus dramas e dar-lhes uma moral…uma lição de vida.
Não é tarde para apreciar as estrelas e voar nos meus sonhos. Afinal, eu ainda tenho asas.
E nunca será tarde para me rir do passado que já não é presente e faze-lo menos sombrio.
Nunca é tarde para crescer e fortalecer-me.
Porque eu sou…uma pequena guerreira
sexta-feira, 15 de julho de 2011
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Linhas de Loucura
Sorrisos esvoaçam no vento Levam momentos, alma e vida.
Levam-me de encontro ao nada do mundo.
Cega, caminho pelas estradas que sempre me levam
De volta ao abismo.
De repente, vozes invadem-me a mente…
Sentada no chão, perdida entre decisões e vontades
Dividida entre o certo e o errado…
É tarde demais para abraçar o passado…
Fora de mão,
Fora de tempo,
Fora de mente,
Fora de mim…
Três linhas de loucura. Os sentidos exaltam-se, a certeza do regresso dos erros cai em mim.
Lentamente deixo o corpo descansar no chão,
Olho o tecto manchado de rostos conhecidos,
A quem devia mostrar a coragem que não tenho.
A calma regressa…loucura trás paz e a paz trás a força que me roubaram.
Três linhas de loucura e uma alma aquecida.
Três linhas de loucura e uma mente livre.
Dizem que estou a perder-me. Ninguém perde o que não tem.
E eu não tenho nada!
Três linhas de loucura e o silêncio sobrepõe-se aos ruídos insuportáveis…gargalhadas e música parecem distantes.
Três linhas de loucura e nascem asas nas minhas costas. Posso ir a qualquer lugar. Três linhas de desespero e eu tenho a força do mundo nas mãos.
Levam-me de encontro ao nada do mundo.
Cega, caminho pelas estradas que sempre me levam
De volta ao abismo.
De repente, vozes invadem-me a mente…
Sentada no chão, perdida entre decisões e vontades
Dividida entre o certo e o errado…
É tarde demais para abraçar o passado…
Fora de mão,
Fora de tempo,
Fora de mente,
Fora de mim…
Três linhas de loucura. Os sentidos exaltam-se, a certeza do regresso dos erros cai em mim.
Lentamente deixo o corpo descansar no chão,
Olho o tecto manchado de rostos conhecidos,
A quem devia mostrar a coragem que não tenho.
A calma regressa…loucura trás paz e a paz trás a força que me roubaram.
Três linhas de loucura e uma alma aquecida.
Três linhas de loucura e uma mente livre.
Dizem que estou a perder-me. Ninguém perde o que não tem.
E eu não tenho nada!
Três linhas de loucura e o silêncio sobrepõe-se aos ruídos insuportáveis…gargalhadas e música parecem distantes.
Três linhas de loucura e nascem asas nas minhas costas. Posso ir a qualquer lugar. Três linhas de desespero e eu tenho a força do mundo nas mãos.
quinta-feira, 7 de julho de 2011
Lie
A mentira da minha própria vida. Criando esquemas e argumentos para exaltar uma aparência feliz. Escondendo os esqueletos dos meus medos e mágoas brutais. Buscando a força nas estrelas, finjo ainda ver brilho nos meus céus cinzentos.
Invado, crio e dou alma às noites de Dança, loucuras e Drogas.
Exuberância de segurança e confiança, é apenas o meu melhor disfarce.
Retornando ao passado selo o coração e invisto nas centenas de mascaras que construi. Eu posso ser qualquer coisa desde que não seja eu mesma.
Maquilhando o nada que sou, tornando-me no tudo que não sou.
Vivendo uma mentira, criando uma mentira, sendo uma mentira.
Morrendo por uma mentira
quarta-feira, 6 de julho de 2011
A prova
Uma historia sobre estrelas e sorrisos. Eu tenho vindo a sonhar enquanto escrevo a realidade do teatro da vida. Um céu de linhas imaginárias se preenche pelas minhas palavras baralhadas. Podia ser sobre dor, mas já não existem definições…
Podia ser sobre amor, mas esse, eu perdi-o no caminho.
Podia ser sobre o meu coração, mas arrancaram-no de mim…
Então pensei em escrever sobre ti, mãe, depois reparei que escrever sobre ti é o mesmo que falar do passado e eu não tenho feito nada além de relembrar o passado.
Olhei para a minha linha de pensamentos e pensei que podia falar de amanha. Sentei-me debaixo da lua, enquanto as borboletas cantavam e escrevi vontades em tonalidades de brilhos de estrelas cadentes!
E foi nesse instante que descobri como tenho sido uma farsa. Toda aquela força, aquela luta, todas as minhas armas, elas estão abandonadas no chão. Matei-te mas nem me apercebi que sou exactamente a tua cópia.
Largaste os sonhos por amor. Viveste para esse amor. Respiraste através desse amor. Acreditaste em todas as mentiras que o amor te contou. Entregaste a vida a esse amor e ficaste sem nada. Vazia, destruída, sem sonhos e sem asas. E tornaste-te gelada…entorpecida em todas as tuas dores…afogada nessa doença que a tua alma causou.
E eu?! Eu lutei contra o que eras, contra os preconceitos, contra o valor que o nome de família trazia contigo, contra ti e contra o pai. Contra vocês. E que fui eu fazer? Acreditar no amor…Viver por amor…viver através desse amor…E acreditar em todas as mentiras desse amor.
Um dia o pai disse-me que nunca tinha deixado de te amar mas que não sabia demonstrá-lo. Não entendi. Então ele disse que nunca se perdoou por te ter tirado do mundo da moda porque sabia que privou-te do teu sonho mas não se privou do dele, viajar pelo mundo em busca da adrenalina nas desgraças do mundo. Disse-lhe que o odiava porque ele te tinha tornado nessa pessoa vazia que tu eras. Olhou para mim e disse-me “Tu és tão parecida com ela”, ri-me ironicamente.
Então ele continuou e disse-me que eu e tu somos mulheres para viver livremente sem nunca nos apaixonarmos, Porque somos perfeitas e o mundo não sabe amar-nos o suficiente e só quando nos perde é que entende que não encontrarão ninguém como nos. Disse-lhe que o mundo não nos sabe amar, porque o amor simplesmente não existe. Vim embora.
Hoje, entendo que ele te amou de verdade. Acho que lá no fundo sempre o soube, sempre o soubeste. Porque todos aqueles anos ele nunca tocou noutra pele além da tua e nunca olhou para outros olhos, nem outro rosto com aquele ar embevecido que te olhava. Mas por alguma razão não soube dizer amo-te quando merecias ouvi-lo. E talvez, tenha a prova que o amor existe em vocês os dois. Mas também tenho a prova do quanto um amor destrói. Do quando congela, queima e mata.
E então eu deveria somente voar por Nova Iorque e Los Angeles, beijar lentamente e viver intensamente, correr pelo mundo e sonhar apenas com estrelas do céu. E assim, eu não estaria a morrer agora
segunda-feira, 4 de julho de 2011
domingo, 3 de julho de 2011
sábado, 2 de julho de 2011
Sophia de Mello Breyner
Nunca mais
A tua face será pura, limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.
Nunca mais servirei Senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroços
Do teu ser. Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.
Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre.
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz e o brilho do teu ser,
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência,
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.
Nunca mais servirei Senhor que possa morrer.
Sophia de Mello Breyner
A tua face será pura, limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.
Nunca mais servirei Senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroços
Do teu ser. Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.
Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre.
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz e o brilho do teu ser,
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência,
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.
Nunca mais servirei Senhor que possa morrer.
Sophia de Mello Breyner
Retratos IV
Abandono o pretendido,
e sigo as verdades do vento
Ainda vivo dentro da lua
Mas estou perdendo-me no espaço
Porque é que continuo aqui?
Tentando te ouvir
Consegues adivinhar porque estou insana?
Porque é que ainda estás aqui?
Eu não consigo ouvir, eu não quero ouvir-te
As tuas frases na minha cabeça
Perdem o sentido
E se eu fugir
Tão doce reviravolta
A fugacidade da minha existência
Da minha sanidade
Por onde olho,
Pessoas estão morrendo
Num mundo de fachada e estilo
Todas as justiças têm sido
Queimadas na corrida
Nada resta aqui para mim e para ti
e sigo as verdades do vento
Ainda vivo dentro da lua
Mas estou perdendo-me no espaço
Porque é que continuo aqui?
Tentando te ouvir
Consegues adivinhar porque estou insana?
Porque é que ainda estás aqui?
Eu não consigo ouvir, eu não quero ouvir-te
As tuas frases na minha cabeça
Perdem o sentido
E se eu fugir
Tão doce reviravolta
A fugacidade da minha existência
Da minha sanidade
Por onde olho,
Pessoas estão morrendo
Num mundo de fachada e estilo
Todas as justiças têm sido
Queimadas na corrida
Nada resta aqui para mim e para ti
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Não quero
Eu não quero ter de morrer para esquecer o que não me deixa em paz…
Mas também não quero conseguir paz através das minhas veias infectadas. Eu não quero descansar sobre as nuvens através de sonhos e ilusões…Eu quero poder tocar, sentir, agarrarEu não quero ter de arrancar a pele só para deixar de relembrar os caminhos que traçaram nela
Não, não quero ter de fugir do mundo para encontrar o meu lugar em algum lugar…
Não quero ter de largar a vida até não restar nada, porque eu já não tenho nada para ser largado.
Eu não quero cair um bilião de vezes para me manter equilibrada para todo o sempre
Eu não quero e não consigo esquecer mas não posso lembrar…e céus, eu lembro o tempo todo!
Eu não quero, não quero cair nas linhas da desgraça mas eu não tenho mais nenhum lugar para onde ir…
"Eu só a ví cometer
Os mesmos erros novamente(...)
Ela quer ir pra casa, mas ninguém está em casa
É onde ela se encontra,arrasada por dentro
Não há lugar pra ir, não há lugar pra ir
Seus sentimentos ela esconde
Seus sonhos ela não consegue encontrar
Ela está perdendo a cabeça
Ela foi deixada pra trás
Ela não consegue encontrar seu lugar
Ela está perdendo a sua fé
Ela caiu em desgraça
Ela está por todos os lados"
Nobody's Home Avril Lavigne
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