Podia ser sobre amor, mas esse, eu perdi-o no caminho.
Podia ser sobre o meu coração, mas arrancaram-no de mim…
Então pensei em escrever sobre ti, mãe, depois reparei que escrever sobre ti é o mesmo que falar do passado e eu não tenho feito nada além de relembrar o passado.
Olhei para a minha linha de pensamentos e pensei que podia falar de amanha. Sentei-me debaixo da lua, enquanto as borboletas cantavam e escrevi vontades em tonalidades de brilhos de estrelas cadentes!
E foi nesse instante que descobri como tenho sido uma farsa. Toda aquela força, aquela luta, todas as minhas armas, elas estão abandonadas no chão. Matei-te mas nem me apercebi que sou exactamente a tua cópia.
Largaste os sonhos por amor. Viveste para esse amor. Respiraste através desse amor. Acreditaste em todas as mentiras que o amor te contou. Entregaste a vida a esse amor e ficaste sem nada. Vazia, destruída, sem sonhos e sem asas. E tornaste-te gelada…entorpecida em todas as tuas dores…afogada nessa doença que a tua alma causou.
E eu?! Eu lutei contra o que eras, contra os preconceitos, contra o valor que o nome de família trazia contigo, contra ti e contra o pai. Contra vocês. E que fui eu fazer? Acreditar no amor…Viver por amor…viver através desse amor…E acreditar em todas as mentiras desse amor.
Um dia o pai disse-me que nunca tinha deixado de te amar mas que não sabia demonstrá-lo. Não entendi. Então ele disse que nunca se perdoou por te ter tirado do mundo da moda porque sabia que privou-te do teu sonho mas não se privou do dele, viajar pelo mundo em busca da adrenalina nas desgraças do mundo. Disse-lhe que o odiava porque ele te tinha tornado nessa pessoa vazia que tu eras. Olhou para mim e disse-me “Tu és tão parecida com ela”, ri-me ironicamente.
Então ele continuou e disse-me que eu e tu somos mulheres para viver livremente sem nunca nos apaixonarmos, Porque somos perfeitas e o mundo não sabe amar-nos o suficiente e só quando nos perde é que entende que não encontrarão ninguém como nos. Disse-lhe que o mundo não nos sabe amar, porque o amor simplesmente não existe. Vim embora.
Hoje, entendo que ele te amou de verdade. Acho que lá no fundo sempre o soube, sempre o soubeste. Porque todos aqueles anos ele nunca tocou noutra pele além da tua e nunca olhou para outros olhos, nem outro rosto com aquele ar embevecido que te olhava. Mas por alguma razão não soube dizer amo-te quando merecias ouvi-lo. E talvez, tenha a prova que o amor existe em vocês os dois. Mas também tenho a prova do quanto um amor destrói. Do quando congela, queima e mata.
E então eu deveria somente voar por Nova Iorque e Los Angeles, beijar lentamente e viver intensamente, correr pelo mundo e sonhar apenas com estrelas do céu. E assim, eu não estaria a morrer agora
3 comentários:
Sim amor, eu amava-a. do mesmo jeito que nos te amamos. Es amada por todos pq sim tu es perfeita.
E Eu amo-te
Sem dúvida, um dos melhores textos do seu blog parabéns
Postar um comentário