terça-feira, 15 de novembro de 2011

Quem...

Caminhava nas minhas ruas quando o orvalho decidiu lavar-me o rosto...Talvez em tempos, naquelas ruas ele  viesse lavar-me a vergonha de mais um erro cometido. Mas hoje, ele apenas vem felicitar-me por todo o orgulho com que caminho na minha cidade de cabeça erguida. E foi debaixo do orvalho que eu me sentei em frente ao mar enquanto contemplava a força das marés contra a resistência inquestionável dos rochedos temíveis. E por momentos dei-me conta de que não parava de sorrir...a felicidade finalmente enche-me o peito mais que o meu próprio oxigénio. E por uma única vez ela é verdadeira, pura e duradoura.
Assim lembrei-me de quando diziam que eu nunca seria uma sobrevivente...Quem sou eu senão a única sobrevivente de uma guerra precedente? Lembro-me de quando eu própria pensava ter perdido...Quem somos nós para desistirmos de nós mesmos?
E então lembrei-me de quando me reergui...Diziam que eu iria cair novamente e eu jurava nunca mais me entregar aos erros. Quem sou eu para enfrentar o demónio? Caí....mais uma vez. Quis morrer...Mas quem sou eu para por fim à minha própria vida? Ainda que absurdamente ela seja minha, eu não sou dona de absolutamente nada.
Alguém me levantou e eu pensei ter um anjo comigo. Mas quem sou eu para atribuir cargos divinos a seres terrestres? Eu nem gosto de religião e nem acredito em anjos.
Semelhanças não faltavam. Anjos vêem e vão embora e então eu caí sobre outros braços e disseram que eu estava no paraíso agora. Quem são eles para me enganarem sobre a direcção do paraíso? Eu estava de volta ao inferno, em braços de laminas cortantes. E nessas mesmas laminas deixei o sangue dos meus pulsos. E quem sou eu para decidir o rumo do meu sangue?!
Pegaram-me e trataram-me das feridas. Gritei, tentei soltar-me, tentei deixar-me ir...mas afinal quem sou eu para agir assim sem força alguma?
Quem fui eu para um dia desacreditar nas estrelas? Elas sempre existiram. Quem sou eu e que direito tenho de magoar os braços que tanto me amavam? 
E quem são aqueles agora para me dizerem que não posso amar esses braços? Eu sempre irei amá-los.
E quem são aqueles para me dizerem que não existe paraíso se eu finalmente encontrei-o.
Eles...Quem julgam eles serem para me dizerem que não tenho o direito de criar uma história escrita totalmente por mim? A história sempre foi sobre nós. Eu e a minha menina de cabelos brilhantes.
Quem decide quem eu devo amar? Nem vocês, nem ela, nem mesmo eu...
E no entanto, eu não estou envergonhada porque eu estou sentindo somente o mesmo que ela está sentindo por mim...

»»»Fazendo sonhos todos os dias«««««


2 comentários:

mitra_g_dance disse...

A tua força é tão grande meu amor e transmites toda essa força aos outros. Obrigada

mitra_g_dance disse...

"E no entanto, eu não estou envergonhada porque eu estou sentindo somente o mesmo que ela está sentindo por mim..." Ameiiiii