Como as mentiras que um dia se descobrem, como o crime que não é perfeito, como a borbulha que nem a maquilhagem consegue deter...
Nada se guarda para sempre mãe e eu acho que hoje é um desses dias.
Um desses dias em que as minhas emoções explodem no meu pequeno coração...
Eu sou muito feliz mãe...eu sou de verdade! E eu estou crescida, tenho uma casa, um emprego que eu realmente amo e uma pessoa do meu lado que é a minha vida! Estou bem resolvida comigo! Acho que perdoei o passado, a vida e até a ti por tudo o que vocês os três fizeram comigo...
Mas a verdade é que quando alguém constrói um edifício por cima de areia, uma vez por outra, ele vai tremer e tu...tu ainda fazes a minha areia tremer mãe!
Eu ainda te ouço na minha cabeça repetir que eu nunca vou ser perfeita e sinceramente...eu não sou mesmo!
Eu nunca vou ser bonita nem magra o suficiente! Não sou o mundo de ninguém...
Nós nunca fomos o suficiente para nós mesmas e ambicionar tanto tudo como nós duas o fazemos, nos mata por dentro!
Ás vezes eu devia gritar o que não cabe em mim, mas ninguém teria lugar para tantos gritos! E ninguém acreditaria nas minhas palavras...as pessoas tendem a procurar razões na psicologia para justificar as nossas faltas na alma. Outras tendem a julgar ou criticar...e ambas sabemos que a única coisa que falta somos nós mesmas e nada mais!
E em dias destes eu penso que eu te invejo...tu estás tão longe do mundo e tão calma, acho que conquistaste a paz que tanto querias! Até porque hoje mãe, tu és perfeita aos olhos de todos os que te conheciam à excepção de mim...porque acho que é isso que acontece quando morremos, as pessoas quase que por magia se apaixonam por nós, pela nossa história, pelas nossas qualidades e defeitos...de alguma forma, a morte dá-nos a perfeição que em vida tanto lutamos e nunca alcançamos! Então, talvez um dia eu ainda seja perfeita...
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