terça-feira, 6 de março de 2012

Eu não me permiti chorar...reagi calma, tão calma que não paravam de me perguntar se eu estava bem...
Estou certa de que acreditam que chorei sozinha, mas não...eu não chorei...eu não verti uma única lágrima...
Não é que não tivesse doído..porque doeu violentamente, eu apenas achei que chorar era dar-te uma premiação pelo que tu fizeste...
E eu não gritei, mesmo querendo...eu só não quis ninguém perguntando o que havia acontecido...
Não me permiti olhar-me ao espelho atentamente, tive medo do que visse...
eu não bati em ti, nem em mim porque nada apagaria o que tu fizeste e nenhuma nódoa negra suplantaria a nódoa que deixaste em meu coração...
E não enlouqueci porque nem mesmo isso me traria felicidade...
Mas hoje, hoje eu permiti-me a tudo isso...
Chorei, chorei tanto que pensei sufocar entre a minha respiração aflita...e gritei, gritei até não ter mais voz. Agarrei minha pele com tanta força que deixei meus dedos marcados e mesmo assim não doeu. E quando já não tinha mais lágrimas para chorar nem pulmões que aguentassem meu sufoco, enlouqueci...e marquei em meu braço a dor que marcaste em meu peito. E gostei, gostei da sensação do sangue, gostei de extravasar a dor que não consigo fazer desaparecer mas que acalmou serenamente...Gostei, de voltar a ter controlo sobre o que eu sinto...ainda que por breves instantes. E depois o sangue parou e a dor voltou, e voltou tão forte que me assustou... Levantei-me, olhei o meu reflexo no espelho e senti nada mais que repugna pelo que estava ali, bem na minha frente. Olhos dilatados, alma dilacerada, corpo absurdamente imperfeito...Nada está bem, não há nada de bom aqui e nada que acalme tudo o que eu sinto...
Então tanto tempo depois, sim...Eu quero morrer...

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