Amanhece e ela acaba de acordar desejando a noite chegar logo novamente.
O peso do mundo parece morar agora naquela cabecinha tão frágil,
o olhar está tão cansado que as cores que ela amou um dia, agora, incomodam-na.
O corpo não se conecta mais com a alma e não há nenhum lugar que lhe ofereça abrigo
para a tempestade que se avizinha.
O espelho cansou-se do rosto dela e ela, perdeu o interesse no seu próprio reflexo...
como se não reconhecesse traço nenhum daquela face vazia, como se não se conhecesse a si mesma.
Tentou buscar o melhor de si e deparou-se com um buraco negro no seu interior. E como no passado, também procurou pelo pior de si, por todos os ódios e mágoas e perdeu a razão quando nada encontrou. Um poço vazio, negro e sem ponta de luz.
Carregar aquele corpo agora é como arrastar um fardo por quilómetros infinitos e conviver com ela mesma parece-lhe tarefa quase impossível.
Que tenham piedade dela e a deixem voar por todos os lugares que ela voou um dia,
ao som da sua melodia favorita ao piano,
e que abram caminho até às estrelas que é o único abrigo que a protegerá.
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