segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Dentro daquelas paredes

Estou tão perto de casa mãe...e é como se sentisse uma vontade enorme de ir até lá, sentar nas escadas e passar lá horas. Não te contei, mas a primeira coisa que fiz quando vim para cá foi passar la. E foi tão estranho ver a casa ocupada por outras pessoas, outra família provavelmente bem mais feliz do que nós...
Imaginar as paredes do meu quarto a guardarem segredos de outra voz que não a minha.
Aquele salão sem as melodias do teu piano e o escritório sem as fotografias do pai. A cozinha, aquela cozinha sem o cheirinho da comida da Rosinha! 
Estranho não é? Eu que não me apego a "coisas", fui logo me apegar tanto à nossa casa, talvez porque o que vivemos ali, mais ninguém viverá! 
Não há nada que eu traria de volta, nem que me arrependa de ter deixado para trás...mas em alguns momentos, sinto vontade de regressar ao passado. 
As vezes que me ouviste gritar ali cheia de dores, os silêncios que emitias, a paz que o pai colocava naquele lugar. Alguém conseguirá sentir isso? Dentro daquelas paredes...
Todas as vezes que eu respirei em voz alta, todas as vezes que chorei como se não aguentasse mais e todas as vezes que calei o choro e quase sufoquei. As vezes que eu sangrei sem tu saberes e as vezes em que soubeste e nada fizeste. Todos os teus passos naquele corredor como se estivesses a desfilar e o teu olhar quase mórbido ao perceber que não. 
Será que as escadas de dentro ainda lembram dos nossos pés mãe? 
É como se aquela casa estivesse assombrada por uma história com um final demasiado trágico...
Tudo acabou...e não importa onde eu durma, eu sempre vou ter saudades de casa mãe...seja lá o que isso signifique!

sábado, 16 de novembro de 2013

Retratos 2013

Levantei-me e olhei pela janela,
O tempo parecia contra mim...até o tempo!
Pendurei minhas fotos na parede e as observei por muito tempo, 
na tentativa infeliz de tentar compreender quem era aquela pessoa. 
Nada encontrei...
Pensei em enforcar minha vida definitivamente...
Seria uma morte bonita...sem sangue nem danos. 
Quase um espectáculo moribundo para inimigos e invejosos aplaudirem. 
Para rirem por me terem arrastado para fora da linha!
E para os que me amaram,
Eu seria o sonho que não conseguiriam lembrar.
O som do final das gargalhadas,
Seria a moral de uma história mal contada,
O amor que ninguém entendeu...
Só seria fogo e fumaça...
Meu último suspiro, sem mágoas nem dores,
Mas também sem luz nem escuridão.
Sem começos...
Só seria o fim...
E sem pensar em mais nada...
Eu decidi ficar! 
Por mim...

domingo, 10 de novembro de 2013

Somos cinzas

Abraçaste-me como se o mundo fosse acabar naquele segundo e eu preferia que tivesse, de facto, acabado. Senti o calor que havia esfriado à muito entre nós. Senti que antes de tudo, querias proteger-me... E como isso se torna irónico depois de tudo...Tu que quase me mataste, que me fizeste querer fugir para o universo, vens agora pedir para que me cuide, para nunca te deixar sozinha!
Sabes? É engraçado, mas quando eu mais pensei em desistir, tu não vieste ajudar-me e eu sei o porquê! não que não acreditasses que eu o faria, porque isso eu já o provei...mas porque se naquele momento eu tivesse realmente desaparecido, tu nem notarias minha falta! E agora que eu me acalmei, que minha mente tomou rédeas sobre meu coração, tu vens me pedir que eu me cuide? É...eu estou bem!
Olhaste para mim e disseste que sentias falta de quanto  te dizia coisas que mais ninguém dizia. Dos carinhos que eu te dava...do brilho que os meus olhos emitiam sempre que te olhavam. De certa forma, sei que hoje duvidas do que sinto por ti...mais do que alguma vez duvidaste! De certa forma, hoje vejo que até tu achas quase impossível alguém que sofreu como eu sofri, ainda te amar! Até eu acho...mas lembras quando eu falei em amor? Quando te contei que na minha teoria, AMOR é para sempre? Não a relação, mas o sentimento! Então aí está, tens a prova que o que eu sentia era amor.
Se já não ouves as palavras que te pertenceram em tempos, foi porque em algum momento me pediste para as calar e eu aprendi a guardá-las nalgum lugar bem profundo em mim. Se os carinhos deixaram de existir foi porque quando os tiveste, trocaste-os por outros...E o brilho...foste tu quem o apagou!
Esse brilho, não tem nada a ver com amor...tem haver com fantasia, com admiração, com fascínio, com ilusão. É como quando olhas para uma paisagem lindíssima ou um monumento estonteante. Essa era a minha visão de ti...até tu incendiares com tudo! Nós somos cinzas espalhadas pelo vento que alguém encontrará e contará pedaços de uma história que nem tão pouco conhece. Mas não passamos disso meu amor...cinzas!



terça-feira, 5 de novembro de 2013

Não vou dizer que deu tudo errado para mim...não desta vez, porque não faria qualquer diferença. Na verdade, tenho a leve sensação que poderia até tudo dar certo, eu poderia ter tudo, meu trabalho de sonho ou até nenhum trabalho e tornar-me milionária. Poderia ter a casa que sonhamos à beira da praia e a pão de forma cor de rosa que eu idealizei mas sabes? Eu sou a prova que dinheiro não vale nada quando teu coração está vazio. Tudo ainda estaria errado...talvez porque eu sou errada, minha vida é errada...o mundo inteiro é errado para mim! 
É incrível como alguém pode nos dar e nos tirar tudo. E contigo na minha vida, foi assim! 
Tantas vezes, em momentos de desespero, implorei para te ter simplesmente a meu lado e hoje eu vejo como isso foi absurdo. Hoje, ciente de mim, sei que mesmo que um dia fiquemos juntas para todo o sempre...o para sempre nunca mais será o MEU para sempre! Aquele que eu desenhei na minha cabeça tantas vezes ao segurar a tua mão. 
As tuas palavras nunca mais terão o mesmo som nem as minhas a mesma intensidade. Nunca meu coração te guardará com tanto cuidado como no passado. O amor não mudou, não o meu...mas há coisas que depois de destruídas uma vez, nunca mais se parecem com o que foram. E o tempo ensinou-me que essa é a maior certeza que terei para sempre, a maior e a mais triste...pois de alguma forma, tu deste-me algo que nunca mais poderei concertar, nem eu...nem tu! 
Eu pensei que podia superar, pensei e acho que até superei...o melhor que eu pude! Não choro mais todas as noites, até quando lembro das piores coisas eu quase não choro. Meu peito ainda fica apertadinho mas meu coração não estremece tanto quanto antes. Acho que isso significa que aceitei... Não que tu foste embora, não que acabou para sempre, não que nunca me amaste, não que tudo foram mentiras...isso, a todo o custo foram as primeiras coisas que eu aceitei. O pior foi, lentamente, convencer-me que nunca mais seria feliz, que teria de seguir em frente sem ti e fingir que o era, sorrir para ti e até sorrir contigo...rir de nossas piadas e fazer de conta que não te culpo da minha destruição. Essa foi a parte mais difícil de aceitar...Aceitar que sem ti a minha vida não respira e aceitar que a tua sem mim...continua. 
   Que o tempo te ensine todas as coisas que eu não fui capaz, que meu amor por ti tentou mas não conseguiu ensinar... Que sejas feliz enquanto eu finjo ser... 

Ela sobre ele: … Mas sabe o que acho? Acho que no fundo, nunca me amou de verdade, sempre ficava arranjando motivos fúteis para discutirmos, eu sempre esperei um atitude madura da parte dele, mas parecia que gostava de ficar agindo como uma criança, não que aquilo não fosse lindo em certos momentos, mas ele tem que saber separar as coisas, eu o amo muito, mas como as coisas estavam, não faria sentido continuar. Eu ainda o amo muito, ele sempre vai ser tudo pra mim, mesmo infantil, e desejo do fundo do meu coração que ele encontre alguém que o entenda perfeitamente do jeito que é."

Escute bem, porque quando eu desligar você não vai saber mais nada sobre mim. Chegamos ao fim, um último alô, é na verdade um adeus. Esqueça aqueles planos, eles não são mais seus.