Lembranças invadiram a minha cabeça esta noite... O calor aqui não tem nenhum carinho e a noite parece tão sem brilho. Que raio de cidade para onde tu me trouxeste, cidade onde os amores são amaldiçoados e os sorrisos amordaçados. Cidade onde as pessoas insistem em falar comigo quando eu só quero estar em silêncio, onde não existem praias para reflectir nem melodias de piano. Cidade onde não existe nada de mim, onde eu não existo!
Preciso pegar minhas malas e viajar para bem longe. Gostava de visitar cada cantinho por onde o pai passou, descobrir as maravilhas que alimentaram os olhos mais lindos que eu já conheci. Imaginar os sonhos que ele sonhou em cada cidade fria, percorrer cada estrada que levou todo o tempo da vida dele. Tirar fotografias nos lugares onde ele tirou e constatar que ninguém as tirava tão bem quanto ele.
Talvez tivesse a sorte de ao me deparar com os ventos de lá, ouvir a sua voz novamente porque acho que com o passar do tempo, eu me esqueci de como ela soava nos meus ouvidos. Ver as pessoas que ele viu, apreciar paisagens que ele contava quando chegava, sentar nos bancos de jardins que ele sentava enquanto fotografava as pessoas perdidas na rua. Enfim, talvez eu precise ir para me encontrar, para o encontrar, para poder despedir-me dele mãe...por mim e por ti.
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