domingo, 28 de setembro de 2014

30 years of love

Enchi o peito de ar e coragem e caminhei em direção à capela. Olhei para as flores na entrada, para a porta de vidro fosca, para as minhas unhas acabadas de pintar, tentando me distrair mas o único lugar onde os meus olhos queriam estar era naquele chão de cor que nem lembro.
Entrei procurando por ela numa fuga ao gato e ao rato, com vontade de a ver e vontade de fugir. E finalmente, lá no fundo estava ela…de branco e preto, sorrindo ao lado do corpo dele.
Fiquei parada a olhá-los sem ela notar a minha presença. Tentei naqueles segundos de silêncio conhece-lo, pois tudo que havia ouvido dele eram as maravilhas que ela contava do “seu namoro” como carinhosamente o apelidava.
Ele ali, serenamente deitado…esperando somente virar cinza… Não me chocou…devia, esperava por isso…mas não. Sabes porque?
Porque Quando me aproximei dela e a abracei, ela não estava devastada, nem desesperada nem sufocada…nem tão pouco estava se fazendo de forte para as visitas. Ela estava realmente serena, dando o seu “até já” ao homem da sua vida…estava esperando pelo momento dela que sabíamos, está para muito breve. E ela não teme, não se assusta…
Eu apenas lamentei sabes…porque um amor assim como o deles merecia mais que 30 anos de paixão… 30 anos não é nada para se viver um amor verdadeiro…eles deveriam viver eternamente!
E na volta para casa pensei que era um amor assim que eu queria…porque é esse amor que eu sempre senti por ti. Esse amor de ir contra tudo e todos e ainda sobreviver…esse amor de não ser capaz de magoar nem de ser magoada. Esse amor de proteção e de dar a vida por ti. Esse amor que eles sentiam…
Um amor de 30, 40, 50 anos…esse amor que é eterno…até eu morrer. Esse amor que não cansa, que não é por habituação…que não perde a paixão. Esse amor que ele sentia por ela e ela por ele.
Esse amor que os faziam perdoar pequenos erros mútuos, que os faziam acharem-se perfeitos. Esse amor onde não precisavam de mais ninguém além deles os dois…
Sabes…esse amor onde apesar das rugas, dos corpos desgastados pelo tempo e doenças, ainda se achavam maravilhosamente lindos.
Esse amor onde nenhum dos dois olhava para outra pessoa além do parceiro…Esse amor onde apesar do tempo e das mudanças , o amor não mudou um segundo.
Esse amor que ele sentia por ela quando ao fim de 30 anos ainda sentia saudades dela só enquanto ela ia ao cabeleireiro….
Esse amor que ela sentia por ele quando jurou morrer depois dele só para não o deixar sozinho.
Esse tipo de amor que eu sinto cada vez que te olho…cada vez que faço projetos contigo, cada vez que te protejo e te abraço no meu regresso do trabalho. Esse amor que sinto hoje e sentirei até morrer…mas que de alguma forma…tu não pareces sentir igual…
E ela ficou ali…e eu vim embora sabendo que ainda existe o verdadeiro amor no mundo. Feliz daqueles que o conseguem e que sabem lidar com tamanho sentimento…

Na certeza de que tu ainda não sabes que esse é o tipo de amor que eu desejo…o único digno de ser chamado “AMOR”

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

The end of the Summer

O fim do Verão chegou..e ela está inteira! Completa e inteira...sem pedaços no chão para serem recolhidos, sem gotas de sangue para serem secas, sem machucados nem feridas, sem lágrimas para serem lamentadas.
Vejo-a de longe e ela nem se apercebe da minha presença...vejo-a nos detalhes das manhãs apressadas e apanho-a desprevenida a olhar da ponte que ela percorre a pé, observando e sorrindo sozinha...ela ama aquela cidade!
Vejo-a dormir...as inquietações de verões passados que ainda atormentam aquele pobre sono desequilibrado. E quando ela lembra as mãos tremem, a testa franze e ela afasta as memórias.
Coitados dos que a amarem agora, coitados dos que se cruzarem com ela agora...pois de alguma forma o verão se tornou a estação mais gélida do ano!
Tantas palavras que ficaram no passado, tantas lutas que ela perdeu e eu ainda vejo de pé...às vezes cambaleia um pouco, às vezes parece frágil por breves instantes mas então ela se abriga nas memórias dos Invernos e se recupera!
O frio colhe-a em seus braços, não por piedade mas porque de alguma forma se preenchem, se entendem. O verões, no passado, ironicamente gelaram a sua alma!

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Deitaste ao meu lado e adormeceste...O computador nas minhas pernas não me deixava adormecer também, então, sendo eu tal como sou, fui recordar coisas antigas. Li mensagens minhas para ti, na tua rede social vi pedaços de histórias que já conhecia mas me magoam.
Sei que tantas vezes tentas que eu não lembre, que eu não pense...tentas apenas que eu não seja mais infeliz. Mas meu amor, não tem como apagar as marcas...de certo modo, eu gosto de lembrar como tu ficaste comigo depois de tudo, de como eu era lá bem no inicio...Lembras?
Eu choro, eu soluço por dentro, me afogo em doses de tristeza sobrehumanas que nem entendo como cabem em mim, mas depois passa...como um tsunami que assola uma cidadezinha inteira e depois dos estragos regressa ao mar.
No passado, tu me mataste tantas vezes mas me amaste 200x mais. No passado, eu sofri por séculos incalculáveis, me destruí por falta de amor próprio mas fui tão feliz como não penso que voltarei a ser...então de certo modo como não desejar lembrar?
A verdade é que independentemente do futuro, de com quem ficares, de com quem eu me deitar, de com quem morrermos, eu nunca me arrependerei de te ter amado...mesmo que isso me mate.
E se eu pudesse, todos os dias viajaria até ao passado um pouquinho

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

As palavras não fluiam mais ultimamente. Pensei até por momentos que tinha esquecido de como era pegar papel e caneta e desenfrear-me em devaneios perdidos. As palavras voltaram e então entendi que apenas estava feliz, muito feliz para poder escrever sobre dramas do passado.
Hoje escrevo sobre dramas do presente e como eu lamento retornar aos desabafos dolorosos.
Foste embora com um sorriso estranho, me mentindo sobre certezas que eu quase tinha, escondendo farpas atrás das costas para mais tarde, do lado de lá da porta me as lançares. E acertaste direitinhas nos lugares que dói...sempre foste tão ágil em me atingir, tão eficaz em derrubar-me. De certa forma entendo que é bem assim que tu gostas de me ver, rastejando no chão, pisada pelos teus pés quando tento erguer-me, adormecida em poças de sangue, afogada em lágrimas que clamam teu nome. É mesmo desse jeito que tu gostas de me olhar, é aí que tu sentes que te amo. Cada lágrima minha enaltece tua auto-estima! E então dizes que me amas mas querida, amor é quando não abandonamos a pessoa que amamos sozinha para a destruir de longe. Amamos quando limpamos as lágrimas do outro 500x mesmo que ela não limpe as nossas. Amamos quando não culpamos o outro pelas falhas do nosso coração...
Lamento que apenas necessites de alguém que te faça sentir a melhor, que te beije e toque o tempo todo, que utilize teu corpo como uma boneca de plástico...lamento que seja exatamente isso que tu desejes. Pois tu não procuras amor...procuras sei lá, tudo o que tiveste toda a tua vida! Tenho pena de ti...por não veres beleza nos olhares disfarçados, nas palavras que se guardam no silêncio, nos sonos em que dormimos agarradas, nas cabeças encostadas nos ombros...lamento verdadeiramente!
És livre de ir...apenas não me ataques, porque talvez eu caía mas retornarei mais forte que tu e eu não perco agora. Não me acuses de coisas que não são verdadeiras nem tão pouco justificáveis.
Tu...não sabes cuidar de mim, então aprendi a me cuidar sozinha pois sabia que um dia voltaria a ser assim...não importa se eu morresse agora afinal eu já estou morta para ti!
Lembra-te que eu não esqueço das tuas palavras e quando não te lembrares um dia, elas estarão bem aqui guardadas.


segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A not Magic World

Você pode viver 1000 anos e ainda não conhecer o mundo. Você pode ter vivido em todas as nações e ainda não se encaixar em nenhuma. E é então que começa esse ódio miudinho dentro de si, quase como um vulcão afogado em água...quase como um grito mudo!
Você cresceu e não pode mais comportar-se como uma adolescente...

Eu ainda me lembro quando tu vinhas de longe cheio de lembranças e comidinhas estranhas que tu amavas experimentar...e de todas as coisas que carregavas, o que eu mais amava era sentar-me no almofadão do chão e te ouvir por horas a fio a contar todos os recantos, esquinas e pessoas que conheceste. Céus, como tu adoravas o mundo!
Às vezes eu gostava de vê-lo como tu vias. De amá-lo como tu amavas. De perdoar como só tu tinhas a capacidade de perdoar. E eu lamento pai...lamento vir aqui desmentir todas as ilusões que viveste mas o mundo não é tão mágico assim!
As pessoas vivem se odiando, se desprezando entre elas mesmas por detrás de sorrisos hipócritas. Já ninguém para para olhar as paisagens que tu tanto amavas e as guerras que tu fotografavas...pai, elas não são nada comparadas com as almas que as pessoas dentro delas mesmas. Pois se tu pudesses vê-las como eu as vejo, sucumbirias em lágrimas!
Mas tu sempre foste assim, capaz de ver o melhor das pessoas e nunca o pior...era assim quando tu a olhavas e não vias como ela era diabólica. Era assim quando tu me olhavas e ainda vias a tua menina e a tua menina estava morta nas tuas mãos pai...eu era só um corpo deambulando!
Não há pai, não existe nenhuma desculpa para a (des)humanidade, nao há..não existe nenhum perdão que eu posso encontrar...pois eu não sou e não tenho o teu coração.
Mas agradeço às estrelas todos os dias, por te terem levado para um lugar cheio de luz e paz...longe do mundo. Exactamente onde tu pertences...

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Já olhaste para as estrelas? 
Nenhuma luz perturba a delas, nenhuma tempestade as esconde para sempre..nenhuma ventania as derruba. 
Pergunto-me porque razão custa tanto o ser humano se rever nas estrelas..pergunto-me porque razão as pessoas adoram lamentar-se, chorarem pelos cantos e ainda tentarem dizer que são fortes. 
Forte? Se vocês soubessem o que é ser forte...quando nem mesma eu sei. Quando eu...eu que me degrenhei em penhascos e me segurei em linhas imaginárias para não morrer...eu, que sobrevivi a provações que poucos sobreviveriam e assisti a mortes que muitos não suportariam...eu, que cresci depressa demais, que lutei por tudo o que tenho...eu, que me construí sem nenhum alicerce..eu...que depois de tudo..me considero fraca, como podem os outros auto-nomearem-se de fortes?
Fortes são os que sabem construir barreiras verdadeiramente indestrutiveis. Fortes são os que se amam até ao dia das suas mortes, os que se amam mais que qualquer coisa no mundo. Fortes são os que não se afectam com comentários, facadas ou mágoas. Fortes são os que verdadeiramente...se igualam às estrelas.
Mas o ser humano tende a lamentar-se..tende a gostar do drama das novelas portuguesas. Tende a amar romances de finais infelizes. O ser humano adora dizer que sobreviveu a catástrofes...
É engraçado...pois os que conhecem a minha história adoram dizer "coitadinha, foste tão forte." "deve ter sido horrível"...e queres saber? Não foi horrível, não fui forte, não sou nenhuma coitadinha! Sabes porque? Porque vivo, porque estou inteira, porque de algum modo...aprendi! E é para isso que existimos...sofrer e aprender...

domingo, 15 de junho de 2014

Give up

Entrou no quarto na mesma hora que em dias anteriores, era esse o procedimento e não convinha alterá-lo. Pediu-lhe para ela se levantar, ela concordou. Pegou-lhe no braço com carinho e colocou-a em frente ao espelho recém chegado .

- Olha-te...o que vês?

Ela ficou em silêncio por um momento. De repente, parecia que tinha ficado completamente sozinha ali...só ela e o espelho. Só ela e os monstros dela. E então, conseguiu responder.

- Pele sem brilho, cabelo que um dia já foi bonito mas não o é mais. Olhos de alguém que parece ter o triplo da idade que tem. Corpo que se vai recuperando mas mente doente. Dentro dela...não vejo nada.

Ele largou-lhe o braço, virou o rosto para a parede e susteve o ar por um segundo. Não era a resposta que ele queria, mas era, com certeza, a que ele contava.
- Sabes o que eu vejo? Uma miúda lindíssima com um enorme potencial para crescer na vida e ser imensamente feliz. Vejo alguém extremamente inteligente, com carácter, com noção do mundo mas sem suporte para se segurar.

Dirigiu-se à porta para sair rapidamente, quando foi interrompido por ela.

- Não.

Ele parou. Não sabia o que esperar dela agora.

- Você apenas diz o que gostaria de ver em mim, o que gostaria que fosse real. E é por isso que os seus olhos se enchem de tristeza, pois não suporta ver a verdade. Que eu não tenho conserto. Não suporta ver meu corpo lutando constantemente para sobreviver enquanto minha mente o mata. Não suporta perceber que eu não ligo a mínima para o vosso tratamento nem tão pouco para as vossas palavras. Você não suporta ver que eu tenho razão, que não há nada em mim para salvar, que mesmo que eu sobreviva, eu ainda continuarei morta. É isso que você vê...o tempo todo que olha para mim...mas a sua medicina obriga-o a mentir...Você foi ensinado a mentir...e adivinhe doutor...eu sou o tipo de miúda, que odeia mentiras!

Aquelas palavras quebraram-lhe o coração. Eram verdadeiras, frias e precisas tal como ela. Queria salvá-la mas não sabia como. Ela amarrava-lhe as mãos quase como num pedido de socorro para não a salvar. E pela primeira vez, ele tinha uma paciente que no mais fundo de si, desejava mesmo morrer.



domingo, 8 de junho de 2014

Nós vamos e voltamos,
Encontramos os porquês de não ter funcionado antes...
Olhamos novamente e vemos as razões porque insistimos em ficar...
E tu sabes, sabes porque eu não necessito de repensar sobre o que sinto, pois eu te amo.
Se soubesses o quanto...mas não sabes, nem nunca poderás saber pois nem mesma eu conheço tal dimensão...Talvez deus, esse estranho ser desconhecido em quem eu descreio e que sinto uma certa repulsa em descrevê-lo com letra maiúscula...mas se ele existe e eu estiver errada, talvez ele possa saber o quanto eu te amo. Talvez as estrelas para quem implorei tantas vezes que te trouxessem para os meus braços.
Mas quando revivemos tudo cansa meu amor...não sou a melhor pessoa para recomeçar os mesmos jogos na casa da partida nem tão pouco me autorizarei a voltar a sofrer por algo que eu já sofri mais do que meu coração poderia suportar...
Porque tu não tens como saber a tal dimensão de meu amor, nem a dimensão da dor que esse amor me causou e querida...eu estou cansada que o sol pare de me aquecer de um momento para o outro. Que o sorriso vire uma face dura por longos dias, que conversas de melhorias se tornem frequentes.
Por favor, pare de colocar a mente para trabalhar em teorias conspiratórias contra nós próprias e me ame como se tivéssemos vida eterna.

domingo, 18 de maio de 2014

"I'm sorry honey, but you've fallen into the abyss of no return"

Todas as pessoas deveriam poder ser felizes todos os dias, do amanhecer ao anoitecer. Todas as pessoas, deveriam ser capazes de sorrirem todos os segundos do relógio, pois eu sei que um dia isto acaba...um dia, simplesmente fechamos nossos olhos e não mais veremos o mundo...nunca mais amanhecerá para nós. Nunca mais veremos as estrelas em noites de verão. Nunca mais poderemos sentir as brisas do vento...Um dia, simplesmente Acabou! E adormecemos para todo o sempre!
Então, sim...eu aprendi a dar muito valor à vida! Muito valor ao tempo que eu gasto desnecessariamente, como se bem no fundo de mim, algo me gritasse que eu não tenho muito mais anos para gastar... Não sei, ninguém pode saber! Mas sabes aquelas pessoas que sentem que não pertencem aqui? Eu sou assim...sempre fui!
Talvez eu não tenha mesmo tantos anos assim...e por isso faço intenções de realizar quase tudo o que era suposto eu realizar...
Mas tenho estes dias em que a minha cabeça simplesmente não aguenta e tu não respeitas isso.
Depois de tudo o que eu vivi...se tu pudesses ver como um trailer de um filme inacabado, se tu pudesses imaginar todos os lugares onde eu estive, todas as pessoas que eu conheci, tudo o que eu ultrapassei...questionares-te-ias como sobrevivi!
21 anos, são 210 anos na minha mente, me sinto muito cansada às vezes. Então não questiones meus dias difíceis, porque acredita..difícil mesmo, é sobreviver dentro de mim. Difícil é respirar dentro de um corpo que às vezes vive em confronto comigo própria e me tenta sufocar ao mesmo tempo que luta para encontrar oxigénio. Difícil é olhar para trás e não encontrar vestígios, da pessoa que eu fui no passado, no agora. Difícil, difícil é ter de conviver comigo própria todos os segundos e ainda sorrir para o mundo, cuidar do mundo sem saber cuidar de mim.
Preciso de parar às vezes... de ouvir 100x a mesma música quando tu não entendes o porquê de eu o fazer. Ouvir a mesma música tantas vezes é como poder parar um pouquinho no tempo. Ficar em silêncio comigo própria, a olhar para nada, para ninguém.
Não estranhes quando eu me quiser isolar do mundo...eu sou um pouquinho como aqueles bichinhos que necessitam hibernar. Preciso me desligar um momento para poder regressar depois! Pois tu não sabes como por vezes, as vozes me ensurdecem...como o toque das chamadas me incomoda, como o simples barulho dos carros ao longe me perturba.
Não te zangues quando eu dormir muitas horas...às vezes eu preciso, para poder acordar depois e não desejar morrer durante uns tempos. Preciso me desligar da vida para poder dar-lhe valor novamente.
Lamento...lamento ser assim. Por ti, por todas as pessoas que abandonei, por mim também. Mas se eu não fosse assim, já teria morrido por não aguentar. Lamento que não entendas...que não saibas lidar comigo. Lamento ser o pior para poder ser o melhor depois...Quebraram as minhas asas à muito tempo atrás e eu apenas tento sobreviver rastejando!

sexta-feira, 28 de março de 2014

Esta noite está tão silenciosa, parecendo como se os anjos estivessem a guardar a Terra em seus braços para poderem regressar a casa.
A vela acesa ao meu lado, assemelha-se à única coisa realmente viva, realmente quente neste quarto...e eu preciso de algum calor, de conforto no meu peito. 
Estrelas, eu precisei de tanta força para não cair que acho que caí na minha própria força! Tem momentos que eu não consigo nem respirar de tanto gelo que construí...tem momentos que eu sinto como se necessitasse de uma bóia de salvação que me faça sentir algo mas quando eu sinto, meus pedacinhos de cristal mal colados, estilhaçam-se novamente no chão e eu fico sem nada! E não há nenhuma prece que me salve...depois de tantos empurrões, afogamentos e destruições, meu coração quebrou-se para todo o sempre! 
Há um mar de dor que me empurrou para uma ilha deserta onde tive de sobreviver sozinha e não acho que seja capaz de voltar a ser quem eu era... 
Às vezes olho pela janela e apetece-me saltar...tentar acreditar, absurdamente, que consigo voar e ir para algum lado sem nenhum lugar, na verdade, para onde ir! E então fico...fico pois não seria melhor em lugar algum do que é aqui... A verdade é que pela primeira vez, eu tenho tudo...mas esse tudo chegou tão tarde...tarde demais estrelas! A Rainha Branca de Neve que vocês conheceram não é mais Rainha de nada, não sente mais carinho pelo frio nem pelas noites...não caminha mais por entre ruas intermináveis em busca do caos. A borboleta que vocês amaram, não tem nem asas brancas nem asas negras...simplesmente transformou-se numa lagarta sem forma nem vida. E nenhuma estrela continua esperando por mim...elas desistiram de mim...VOCÊS desistiram de mim no momento que eu desisti de mim própria! 
Estou a habitar onde os anjos mortos habitam, estou falando onde as paredes só ecoam e estou brilhando numa plena escuridão sem espectadores para me verem vencer! 
E subitamente a chama da vela vai adormecendo...parece que o Diabo joga direitinho do jeito dele...brincando com o paraíso, me fazendo odiar o quase perfeito!

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Quantas vezes eu me senti insuficiente para ti? Quantas vezes eu pensei que tu estarias melhor se eu desaparecesse? Quantas vezes meu coração morreu só por ter magoado o teu? Quantas vezes, eu me senti culpada por todos os teus erros?! Tu poderias contar? Certamente não...pois até eu já perdi a conta!
E tu não fazes ideia de quantas vezes eu fiquei me olhando no espelho colocando defeitos em meu rosto, em meu corpo...tentando perceber o porquê de não me amares. Não imaginas quantas e quantas vezes eu tentei escrever mentalmente todas as nossas discussões para perceber onde eu tinha errado.
Eu sempre encontrava falhas em mim que preenchessem as tuas próprias falhas e tão cega, não vi que os erros eram teus e não meus.
Naquele verão as coisas mudaram...porque eu culpei-me tanto, odiei-me tanto que ou morria realmente ou me fortalecia. Me fortaleci porque tu não merecias minha morte! Naquele verão, nós fomos até aos limites que nenhuma relação aguentaria...Nosso Adeus foi verdadeiro, pela primeira vez em tantos adeus sem sentido. Não sei se algum dia serei capaz de escrever sobre isso...sabes, escrever de verdade, com todos os sentimentos que senti e como me senti perdida. Talvez um dia...
Agora, eu tentei estar ao teu lado e apesar de toda a minha frieza e distancia, eu estava me aproximando agora...Porque estragaste tudo?
Teu tom de voz agressivo não me assusta mais, mas me afasta. Tua falta de educação, me faz virar-te as costas. Tua incapacidade de ver que erraste e atirares-me os erros, me dá vontade de sair pela porta e jurar-te que nunca mais me verias!
Não é mais o passado....eu não mais me movo por lagos de lágrimas infindáveis nem me perco em traços de sangue marcados em meu corpo por um amor que eu sei que será eterno, mas não sei se a sua história será. Quando eu errar, tu irás ouvir um pedido de desculpa da minha boca...terei toda a humildade para te fazer ficar e compensar pelos meus erros. Mas nunca mais, em nenhum tempo da tua vida, tu conseguirás fazer-me sentir culpada por obras tuas mal executadas...Teu tempo de me oprimires, acabou...
Talvez tu nunca mudes...talvez tu continues a ser tão cega assim mas então o futuro não terá mais lugar para nós. E lamento por isso


terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Discretamente, enviei sinais de socorro aos amigos. Ninguém ajudou. Me virei sozinha. Isso me endureceu um pouco mais. Não foi só você, não. Foram também pessoas até mais íntimas, me virei sozinha com enormes dificuldades. Não me lamuriei. Mas preciso que as pessoas saibam que isso doeu — exatamente porque algumas destas pessoas importam para mim.





sábado, 25 de janeiro de 2014

 O tempo não pára e envelhecemos ao som dos ponteiros do relógio.
Tantos projectos que perdi ao longo dos anos, tantas certezas que, duramente, aprendi a não ter...
Tão injusto para alguém com a minha idade, eu devia ser igual a todo o mundo. Acreditando em contos de fadas e me apaixonar por olhos bonitos que se cruzassem comigo na noite. Deveria ser assim porque eu tenho 21 anos.!
Chegar na minha vida, mexer e remexer como se eu fosse uma gaveta atulhada de roupa desnecessária...mudar leis e ideais que eu tinha como certos na vida. Sei lá..Construir um EU diferente! Sem autorização nem pedido de licença!
Nem 1milhão de perdões podem anular o que fizeste comigo!
E tem momentos...sabes, nesses nossos pequenos momentos de desacordo, que eu vejo como nada será perfeito depois de quebrado. Nós tentamos nos ajeitar, construir paredes para manter as tempestades do outro lado mas ainda existem as ranhuras de uma história que virou cinzas.
Depois de tudo que eu chorei, não sobrou uma única lágrima em mim. Depois de todo o sangue que meu coração largou por ti...não resta nenhum bater. É assim que eu me sinto! Como um pássaro preso na gaiola que um dia chamou de lar.
Quando eu me olho no espelho e lembro da louca do verão passado...não me reconheço nessa pessoa. É como se eu estivesse assistindo um filme de um guião terrível e sinceramente, odeio a personagem!
Como eu me tornei naquilo? ! Mas muito obrigada por tudo o que destruíste. Desligaste a minha humanidade para que nunca mais regresse.
Então por favor se for para errar, vai embora. Se for para queimar...deixa arder tudo agora! Antes que eu faça te atirares da ponte com minhas palavras duras porque acredita...
Uma rapariga de coração quebrado é perigosa,
Mas uma mulher sem coração é diabólica!



sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Aposto que se eu pudesse atravessar para esse  lado, hoje te encontraria sorrindo. Sorrindo com aquele sorriso de vitória! Não dirias"eu avise-te" nem "eu ganhei" nem nenhuma dessas frases feitas que tanto eu quanto tu odiamos. Mas sorririas... E sabes? Isso faria-me bem...
Porque lutar contra ti sempre foi fácil para mim. Ver-te perder, derrotar esses tais sorrisos, quebrar silêncios e instalar novas regras de jogo, era fácil mãe.
Agora eu não estou lutando contra ninguém...estou lutando por mim...e como se luta por algo que está perdido à muito tempo?!
É...não sei exactamente em que direcção vou, que caminhos tomar mas o futuro assusta-me. Tenho medo de perceber que falhei, que estava errada em minha escolhas e que nunca deveria ter fugido do meu passado.
Às vezes parece que tu sempre irás estar no meu caminho, para quebrar as coisas que eu construo...para me lembrar que os meus troféus são feitos de cinza e que eu sou uma ninguém sem a minha arma favorita.
E...bem, talvez tenhas razão...talvez eu não sirva para ter minha vida organizada. Talvez eu não consiga pertencer à multidão que observo todos os dias. Talvez eu devesse ter morrido à muito tempo atrás...
Talvez todos os que me acompanharam tivessem seu destino cruel marcado, pois mesmo quando tentam arduamente vencer, de alguma forma a vida fá-los perder.
Queria poder acreditar no teu Deus...Para lhe dizer o quanto ele é desprezível aos meus olhos, para que ele soubesse que trava a vida de pessoas maravilhosas com corações gigantes e que essas histórias de que Deus escolhe os melhores para a função de anjinhos é treta. Mas sabes? Eu não acredito...e ainda bem, porque senão iria odiá-lo mais do que odeio a ti e tu serias um grave erro de Deus.
A verdade é que eu estou indignada pela forma que as coisas acontecem...tentarem levar-me alguém que lutou tanto para ficar? Que foi o mais corajoso? O mais determinado?!
Mas depois eu paro e penso...grandes almas pertencem às estrelas...e talvez elas precisem dele! Mas estarei pedindo-lhes todas as noites, à meia noite, para que o deixem brilhar  mais um pouco no mundo tão sombrio onde habitamos.
E tu mãe...podes sorrir, porque mesmo que eu falhe, à muito que eu venci...Eu sou melhor e meu coração tem amor e essa foi a minha vitória!


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Seguro a respiração e contemplo os desastres que construímos.
É como se o céu estivesse em chamas por muito tempo....É como se uma parte de mim,
gostasse de o ver desaparecer.
Mundos paralelos colidem e as nossas vozes tentam sobrepor-se enquanto a tua perde a força.
Vá onde eu for, demónios de ti correm na minha sombra.
Monstros que não nos largam....
É tão hilariante quando os vejo com aquele olhar de admiração e até um pouco de inveja
sobre coisas que temos e quem somos.
Quase riu na cara deles...porque eles não conseguem ver além do material que ofusca
a visão de mentes pouco inteligentes..
Eles não conseguem ver como somos podridão e nada mais. Como tu estas tão vazia de tudo...
É incrivel olhá-los e saber que eles não imaginam como a mulher que eles tanto elogiam, todas as noites enlouquece na contagem de calorias que ingere.
Como eles não imaginam que esses lanches onde ela ri e se diverte, são a razão de ela se odiar por mais uma semana. Como eles não sabem que a educação exemplar que eu tive, foi a mesma que me queimou a alma...
Que nesta casa não há calor nenhum, brilho nenhum, sentimento nenhum...
Eles não sabem...e como poderiam saber perante um teatro tão bem encenado?!
E nós sabemos lá como eles vivem entre quatro paredes, como eles se devem odiar também...
Sabemos lá quais os demónios do mundo encantado deles.
Farsas...peões de dinheiro e boa imagem!
E eu riu deles mãe...
Eu riu...porque não tenho mais como chorar!

                                                               *2007