sexta-feira, 28 de março de 2014

Esta noite está tão silenciosa, parecendo como se os anjos estivessem a guardar a Terra em seus braços para poderem regressar a casa.
A vela acesa ao meu lado, assemelha-se à única coisa realmente viva, realmente quente neste quarto...e eu preciso de algum calor, de conforto no meu peito. 
Estrelas, eu precisei de tanta força para não cair que acho que caí na minha própria força! Tem momentos que eu não consigo nem respirar de tanto gelo que construí...tem momentos que eu sinto como se necessitasse de uma bóia de salvação que me faça sentir algo mas quando eu sinto, meus pedacinhos de cristal mal colados, estilhaçam-se novamente no chão e eu fico sem nada! E não há nenhuma prece que me salve...depois de tantos empurrões, afogamentos e destruições, meu coração quebrou-se para todo o sempre! 
Há um mar de dor que me empurrou para uma ilha deserta onde tive de sobreviver sozinha e não acho que seja capaz de voltar a ser quem eu era... 
Às vezes olho pela janela e apetece-me saltar...tentar acreditar, absurdamente, que consigo voar e ir para algum lado sem nenhum lugar, na verdade, para onde ir! E então fico...fico pois não seria melhor em lugar algum do que é aqui... A verdade é que pela primeira vez, eu tenho tudo...mas esse tudo chegou tão tarde...tarde demais estrelas! A Rainha Branca de Neve que vocês conheceram não é mais Rainha de nada, não sente mais carinho pelo frio nem pelas noites...não caminha mais por entre ruas intermináveis em busca do caos. A borboleta que vocês amaram, não tem nem asas brancas nem asas negras...simplesmente transformou-se numa lagarta sem forma nem vida. E nenhuma estrela continua esperando por mim...elas desistiram de mim...VOCÊS desistiram de mim no momento que eu desisti de mim própria! 
Estou a habitar onde os anjos mortos habitam, estou falando onde as paredes só ecoam e estou brilhando numa plena escuridão sem espectadores para me verem vencer! 
E subitamente a chama da vela vai adormecendo...parece que o Diabo joga direitinho do jeito dele...brincando com o paraíso, me fazendo odiar o quase perfeito!