domingo, 28 de setembro de 2014

30 years of love

Enchi o peito de ar e coragem e caminhei em direção à capela. Olhei para as flores na entrada, para a porta de vidro fosca, para as minhas unhas acabadas de pintar, tentando me distrair mas o único lugar onde os meus olhos queriam estar era naquele chão de cor que nem lembro.
Entrei procurando por ela numa fuga ao gato e ao rato, com vontade de a ver e vontade de fugir. E finalmente, lá no fundo estava ela…de branco e preto, sorrindo ao lado do corpo dele.
Fiquei parada a olhá-los sem ela notar a minha presença. Tentei naqueles segundos de silêncio conhece-lo, pois tudo que havia ouvido dele eram as maravilhas que ela contava do “seu namoro” como carinhosamente o apelidava.
Ele ali, serenamente deitado…esperando somente virar cinza… Não me chocou…devia, esperava por isso…mas não. Sabes porque?
Porque Quando me aproximei dela e a abracei, ela não estava devastada, nem desesperada nem sufocada…nem tão pouco estava se fazendo de forte para as visitas. Ela estava realmente serena, dando o seu “até já” ao homem da sua vida…estava esperando pelo momento dela que sabíamos, está para muito breve. E ela não teme, não se assusta…
Eu apenas lamentei sabes…porque um amor assim como o deles merecia mais que 30 anos de paixão… 30 anos não é nada para se viver um amor verdadeiro…eles deveriam viver eternamente!
E na volta para casa pensei que era um amor assim que eu queria…porque é esse amor que eu sempre senti por ti. Esse amor de ir contra tudo e todos e ainda sobreviver…esse amor de não ser capaz de magoar nem de ser magoada. Esse amor de proteção e de dar a vida por ti. Esse amor que eles sentiam…
Um amor de 30, 40, 50 anos…esse amor que é eterno…até eu morrer. Esse amor que não cansa, que não é por habituação…que não perde a paixão. Esse amor que ele sentia por ela e ela por ele.
Esse amor que os faziam perdoar pequenos erros mútuos, que os faziam acharem-se perfeitos. Esse amor onde não precisavam de mais ninguém além deles os dois…
Sabes…esse amor onde apesar das rugas, dos corpos desgastados pelo tempo e doenças, ainda se achavam maravilhosamente lindos.
Esse amor onde nenhum dos dois olhava para outra pessoa além do parceiro…Esse amor onde apesar do tempo e das mudanças , o amor não mudou um segundo.
Esse amor que ele sentia por ela quando ao fim de 30 anos ainda sentia saudades dela só enquanto ela ia ao cabeleireiro….
Esse amor que ela sentia por ele quando jurou morrer depois dele só para não o deixar sozinho.
Esse tipo de amor que eu sinto cada vez que te olho…cada vez que faço projetos contigo, cada vez que te protejo e te abraço no meu regresso do trabalho. Esse amor que sinto hoje e sentirei até morrer…mas que de alguma forma…tu não pareces sentir igual…
E ela ficou ali…e eu vim embora sabendo que ainda existe o verdadeiro amor no mundo. Feliz daqueles que o conseguem e que sabem lidar com tamanho sentimento…

Na certeza de que tu ainda não sabes que esse é o tipo de amor que eu desejo…o único digno de ser chamado “AMOR”

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

The end of the Summer

O fim do Verão chegou..e ela está inteira! Completa e inteira...sem pedaços no chão para serem recolhidos, sem gotas de sangue para serem secas, sem machucados nem feridas, sem lágrimas para serem lamentadas.
Vejo-a de longe e ela nem se apercebe da minha presença...vejo-a nos detalhes das manhãs apressadas e apanho-a desprevenida a olhar da ponte que ela percorre a pé, observando e sorrindo sozinha...ela ama aquela cidade!
Vejo-a dormir...as inquietações de verões passados que ainda atormentam aquele pobre sono desequilibrado. E quando ela lembra as mãos tremem, a testa franze e ela afasta as memórias.
Coitados dos que a amarem agora, coitados dos que se cruzarem com ela agora...pois de alguma forma o verão se tornou a estação mais gélida do ano!
Tantas palavras que ficaram no passado, tantas lutas que ela perdeu e eu ainda vejo de pé...às vezes cambaleia um pouco, às vezes parece frágil por breves instantes mas então ela se abriga nas memórias dos Invernos e se recupera!
O frio colhe-a em seus braços, não por piedade mas porque de alguma forma se preenchem, se entendem. O verões, no passado, ironicamente gelaram a sua alma!

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Deitaste ao meu lado e adormeceste...O computador nas minhas pernas não me deixava adormecer também, então, sendo eu tal como sou, fui recordar coisas antigas. Li mensagens minhas para ti, na tua rede social vi pedaços de histórias que já conhecia mas me magoam.
Sei que tantas vezes tentas que eu não lembre, que eu não pense...tentas apenas que eu não seja mais infeliz. Mas meu amor, não tem como apagar as marcas...de certo modo, eu gosto de lembrar como tu ficaste comigo depois de tudo, de como eu era lá bem no inicio...Lembras?
Eu choro, eu soluço por dentro, me afogo em doses de tristeza sobrehumanas que nem entendo como cabem em mim, mas depois passa...como um tsunami que assola uma cidadezinha inteira e depois dos estragos regressa ao mar.
No passado, tu me mataste tantas vezes mas me amaste 200x mais. No passado, eu sofri por séculos incalculáveis, me destruí por falta de amor próprio mas fui tão feliz como não penso que voltarei a ser...então de certo modo como não desejar lembrar?
A verdade é que independentemente do futuro, de com quem ficares, de com quem eu me deitar, de com quem morrermos, eu nunca me arrependerei de te ter amado...mesmo que isso me mate.
E se eu pudesse, todos os dias viajaria até ao passado um pouquinho