sexta-feira, 4 de maio de 2012

És tudo o que um dia eu procurei 1/2

                                                                        (....)

Dizem que o tempo cura tudo, existem até relatos de grandes amores que com o tempo vão e se esquecem,  existem histórias de quem amou perdidamente uma, duas, três vezes...Perdoem-me a prepotência mas não acredito nisso! Talvez eu seja antiquada ou simplesmente ingénua, mas para mim amores como "Romeu e Julieta" ainda existem. Só não me convençam que se ama assim 2 ou 3 vezes na vida, que nos apaixonamos por várias pessoas com a mesma intensidade, até porque sinceramente acredito que amores destes além de únicos são também muito raros. As pessoas têm fascínios como eu tive, têm paixões arrebatadoras por desejos incontroláveis, mas amor? Amor não é aquele que nos faz ficar nervosas e sem  graça em frente a ele(a), amor não é aquele que nos faz chorar por dias seguidos mas depois segue em frente...Amor verdadeiro é aquele que dizemos dar a vida por ele(a) mas quantas de nós dariam realmente? Amor é isso, é ser capaz de ter a grandeza de tamanho coração ao ponto de abdicarmos do resto da nossa vida em prol de salvar a de outra pessoa. É a possibilidade de lhe oferecer uma vida onde ele(a) pode viver com outra(o) que não nós, porque nós não estaremos mais presentes. Amor verdadeiro é aquele em que dói hoje, dói amanhã e quando formos muito velhinhas continuará a doer e continuaremos a chorar apenas porque a nossa vida foi embora no dia em que ele(a) também foi! Amor verdadeiro é aquele em que prometemos largar tudo e realmente o fazemos, em que lutamos contra tudo e todos e vencemos, em que não importa mais nada além dele(a). Sim, existe. Mas depois de analisarmos bem, quantos amores conhecemos assim?
Não, eu não sou especialista em amor, não acredito que alguém o seja...mas quando cresces dentro de uma história de cinema onde assistes a alguém que larga todos os seus sonhos, toda uma vida e se entrega de corpo e alma por amor, onde esse alguém ama uma vida inteira e se perde por amor, e onde esse mesmo amor a consome até à morte, SIM, tu conheces o amor e os piores efeitos dele! Talvez por isso, durante tanto tempo, eu me tenha recusado admitir que ele existia...
Amor é doentio, obsessivo, torturante, doloroso, cortante, sufocante e destruidor...mas não deixa de ser aquilo que te mantém viva ou definitivamente morta!

Haviam passado meses o suficiente para eu esquecê-la, para todo aquele encantamento vazar da minha cabeça. Meses o suficiente para eu odiá-la não por a ter amado demais, mas por ser o ser humano mais repulsivo à face da terra. O fascínio terminara e eu estava livre, solta, feliz e concentrada em mim...totalmente em mim.
As tardes de Outono eram passadas com a melhor amiga, as noites, eu ocupava-as com mil e um projectos entre faculdade, negócios de amigas, livros e sessões fotográficas.
Quando tu és sozinha tens tanto tempo que parece nunca conseguires ocupá-lo, ainda por cima eu que nos finais de verão fico com tanta energia que nunca parece esgotar-se. Pena que realmente se esgote.
Eu estava curada, todo o meu corpo estava curado, meu coração estava intacto novamente mas estava fria, fria como gelo. Fria, forte e inquebrável...esta era eu!
Mas nas tardes de Outono, eu fui descongelando, os toques dela, o sorriso dela, o carinho dela...todo o esforço por aquela transformação...eu fui sentindo falta, saudades mal saía de perto dela... Olhei o rosto dela e reparei como era linda, não que nunca tivesse reparado, ela era-o de facto, mas penso que nunca tinha reparado tão atentamente. Rosto pequeno e delicado, nariz perfeitamente delineado, o queixo mais bem desenhado que eu já tinha visto, a boca de menina amuada que eu adorava, e aqueles olhos...olhos de quem é frágil o suficiente para me cativar, olhos claros com a luz que me reflectiam a luz do sol, e no escuro, olhos negros, fascinantes, olhos que sem luz, me reflectiam a mim!
Olhei-a toda a tarde e sentia que ela me olhava do mesmo jeito...
Os abraços pareciam nunca serem suficientes e o colo dela era o ninho que eu mais sentia falta quando estava longe.
Nesse fim de tarde, eu regressei a casa..aquela imagem não me saía da cabeça, ela não me saía da cabeça! Minha cama, sempre a minha melhor conselheira, e minhas estrelas, as únicas que conhecem a totalidade da minha alma, ouviram os meus devaneios em silêncio e no fim iluminaram-me...Céus, eu estava apaixonada...apaixonada pela minha melhor amiga!!!

                                                                         (...)



Nenhum comentário: