quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Já viveste no inferno? Já sentiste vontade de morrer mesmo tudo em ti já ter falecido?
Eu já...
Durante 3 meses!
Fábulas descrevem o inferno como esse lugar tenebroso, de chamas que te queimam a alma e provocam dores no corpo inimagináveis. Um lugar assolado de demónios, pesadelos e medos desconhecidos. E queres saber? É tudo verdade!
Quando cheguei à clínica, não poderia nunca adivinhar como seria. Já tinha ouvido pequenos relatos, já tinha até visto trechos em filmes mas nada se mostrou como a realidade foi. E cada minuto naquele relógio barulhento no meu quarto silencioso, desvendou-me uma das mais terríveis agonias!
Meu corpo se incendiou de dores e minha alma afundou-se no local mais negro onde o ser humano consegue chegar.
Quando não me davam os sedativos suficientes, não dormia e conseguia ouvir cada palpitar gritante nas minhas veias. Vomitei dezenas de vezes até quase vomitar meu próprio estômago. Meu rosto no espelho era como gesso seco e meus olhos assemelhavam-se aos de um condenado a morrer. Estava gelada e excessivamente quente tão rápido que não conseguia entender o que se passava dentro do meu corpo, enchi-me nódoas negras ao bater em mim mesma e ao lançar-me contra as paredes daquele quarto. Arranquei alguns cabelos e cortei a pele com minhas unhas...até que tudo passou! É, alguns dias mais tarde o teu corpo desiste! E então tu deixas que te levem para onde quiserem, que te injectem todo o tipo de medicamentos, que te deitem quando pretendem, que se sentem onde acham que te deves sentar. Depois levam-te para a sala do psiquiatra e ele fala, fala, fala...mas tu não ouves uma única palavra porque os químicos abrandam-te o cérebro.
Às vezes ele ficava em silêncio, à espera de uma resposta minha, mas ainda era muito cedo para eu conseguir emitir um som!
Foi assim mãe, foi assim e muito pior! Consegues calcular a dor física de uma espada atravessar-te o estômago? Agora multiplica por 100 espadas no teu corpo ao mesmo tempo, a trespassarem-te como se fosses uma folha de papel. Desesperante, sim. Mas a verdade, é que o corpo deixa de doer eventualmente...E recupera o que a alma jamais tem de volta. Que eles curam o teu corpo mas não curam a tua alma.
Encontrei, no entanto, sobras da droga andantes que queriam curar-se e que lutavam com tudo o que tinham para o conseguirem. Por eles, pedirei às estrelas todas as noites...para que elas lhes dêem paz naqueles corações, força e coragem, que eu torço para a vitória de cada um deles. Mas não desejo a mesma vitória para mim e quando eu ia a sair, li no rosto de cada enfermeiro, médico, funcionário e psiquiatra, a derrota que eles sabem que estará para breve. Eles sabem, eu sei e tu sabes...Porque tu nunca poderás salvar uma estrela que perdeu asas brancas!